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Energia e Sociedade

Ao longo do tempo histórico, várias formas de energia foram utilizadas, umas sucedendo outras ou ainda sob uso concomitante, dependendo da disponibilidade e do custo de obtenção. Os primeiros registros sobre o aumento intensivo do uso de fontes energéticas ocorrem com a Revolução Industrial, na Europa Ocidental, durante a segunda metade do século XVIII. Com o advento das máquinas a vapor, o carvão foi elevado à condição de principal fonte primária de energia, com conseqüente diminuição do emprego de lenha, largamente utilizada no continente europeu até meados do século X. Antes disso, o carvão mineral era usado somente para atividades domésticas, em pequena escala.

Por essa época, os Estados Unidos, que dispunha de um potencial energético considerável representado por recursos hídricos e grandes florestas, começa a traçar um perfil de consumo caracterizado pelo uso intensivo de energia. A exploração americana do carvão se deu depois da européia, contudo o crescimento da produção de minas cresceu de tal forma que, durante o século XIX, o país esteve entre os maiores produtores mundiais.

Também foi nos Estados Unidos, na metade do século XIX, que o petróleo deu os primeiros passos para entrar na matriz energética mundial. Os aumentos sucessivos de produção, primeiro no próprio território norte-americano e depois no Oriente Médio, tornaram o petróleo uma das principais fontes de energia do mundo em vista das facilidades econômicas e técnicas de exploração, transporte e armazenamento.

No final do século XIX, o aproveitamento tecnológico da eletricidade marcaria o início de uma nova era da civilização, com a disponibilidade de uma fonte energética que viria, crescentemente, viabilizar inúmeras atividades e processos, desde a iluminação pública, passando pelo desenvolvimento de novos motores, até chegar aos atuais controles eletrônicos. A eletricidade redesenhou os conceitos de processos produtivos na indústria e propiciou o acesso a um novo patamar de qualidade de vida, proporcionado por novos bens de consumo e serviços.

Contudo, o estudo das atividades humanas demonstra que a tecnologia não é a variável mais importante nos sistemas energéticos porque eles se submetem a duas influências muito fortes que não conseguem subjugar: a formação das sociedades e as leis da biosfera . Exemplos históricos da rendição da economia às leis da biosfera são as correntes migratórias asiáticas em direção à Europa, como resultado da devastação das estepes da Ásia Central pelo pastoreio excessivo, e os grandes desmatamentos das florestas européias para retirada de madeira, principal fonte de energia térmica e material para construção no período pré-revolução industrial, que impulsionaram o desenvolvimento das técnicas de extração do carvão e, mais tarde, conduziram à invenção da máquina a vapor.

Com maior ou menor grau de importância, dependendo das circunstâncias, é a própria energia humana que torna duráveis os sistemas energéticos. Por ela passam algumas transformações decisivas da biosfera e da estrutura social. Embora seja um elemento fundamental para o conjunto de atividades humanas, não existe um determinismo na produção energética. Todos os sistemas de energia comportam flexibilidades e potenciais de melhoria e rendimento, dependendo da evolução e do uso da tecnologia. Porém, poucas vezes ao longo da história a tecnologia sofreu pressões para mudar ou apressar resultados.

A elasticidade no uso de certas fontes primárias, como a própria energia humana, atenua as pressões por mudanças. Como exemplo, a mão de obra escrava que se deslocou durante o século XIX do oeste do continente africano para a costa angolana para atender à colonização dos novos territórios na América. As variações dentro dos próprios sistemas energéticos ainda permitem interrelações de conversores e fontes diversas como roda d'água, moinho de vento, tração animal e força humana. Assim, os sistemas não sofrem transformações integrais, mesmo com as inovações técnicas, com bruscas demandas de energia ou novas relações de trabalho. O exemplo clássico ainda é a mão-de-obra escrava. O emprego dessa energia entrou em declínio ao longo da Idade Média, entre os séculos V e XV, para assumir destaque novamente entre os anos de 1666 e 1800, quando as colônias americanas receberam mais de oito milhões de escravos africanos.

Essa capacidade de adaptação dos sistemas energéticos produz uma inércia que tem, entre todas as forças produtivas, a vida mais longa. Os principais agentes de conversão de energia (homem, animal, vegetal, águas e ventos) contribuíram para a formação econômica e social durante os séculos XVIII e XIX e subsistem até hoje.
Como as rupturas nos sistemas energéticos nunca ocorrem bruscamente e as suas técnicas são menos diversificadas do que as formações sócio-econômicas e produtivas, a capacidade de tolerância da biosfera para suportar o uso maciço de suas fontes é o eixo que pode direcionar a busca de alternativas, especialmente entre os próprios produtores de insumos. Atualmente, grandes companhias petrolíferas, como a Shell e a British Petroleum, estão entre os principais investidores no desenvolvimento da tecnologia solar..


Fontes:

Arnaldo Moura Bezerra, Energia e Meio Ambiente.

D. Hemery, J. C. Debier e J. P. Deléage. Uma História da Energia. Editora da UnB, Brasília, 1993.

Guilherme E. F. Fernandes Filho & Elisângela M. Leal, Rubens A. Dias, O Equilíbrio entre a Oferta e o Consumo de Energia Elétrica: Tendências e Desafios. Arquivo PDF.

 

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