Entrevista: Poluição Marinha

Julho/2001

Ariane Laurenti, química, professora doutora em Química Analítica com Amostragem Ambiental do Departamento de Patologia (UFSC) 

Os assuntos principais são toxicologia ambiental, poluição hídrica, tratamento de esgotos

A Sra. trabalha também com toxicologia no ambiente de trabalho. Como é o problema de poluentes no ambiente interno industrial? 
Nos processos produtivos, normalmente as grandes indústrias tem um certo cuidado com os trabalhadores porque elas respodem mais, são muito mais fiscalizadas. Então, os ambientes de trabalho em indústrias que produzem algum produto poluente ou que a própria linha de produção implica na liberação de alguma substância que possa vir a causar uma doença são bastante controlados. O problema acontece, geralmente, nas pequenas empresas,onde nem o equipamento de segurança individual é fornecido ao trabalhador. Os exames são muito eventuais, não tem médico que acompanhe. (.) Então, você teria que ter ambientes salutares, isso implica em atmosferas limpas, com filtros, com ventilação, com temperatura adequada. Hoje, com esse racionamento de energia, você vê montadoras com sistemas de ventilação desligados. Isso pode gerar uma série de doenças respiratórias. Ninguém está nem aí. Como isso não vai ter resultado imediato, isso vai aparecer daqui alguns anos, ninguém está falando nisso. Não é só a liberação de poluentes ou partículas, é toda uma condição do ambiente. Eu estava comentando, em uma reunião do Colegiado de nosso Centro. Com esta crise de crise, todo mundo empenhado em economizar, economizar. Eu levantei, apaguei a luz da sala e disse: Vejam bem, dez e meia da manhã, e estamos com todas as luzes acesas. O pico da luminosidade é entre 10 e 14 horas. Nós somos obrigados a ficar com a luz acesa porque a arquitetura de nossos prédios não permite desligar. Se eu quero conversar com alguém, posso ter a luz apagada. Se quero trabalhar no computador, eventualmente eu posso, mas grande parte do meu trabalho é ler. Eu me surpreendo que os reitores das universidades federais não tenham se pronunciado no Brasil inteiro, não foram ao ministério da Educação ou ao presidente dizer: o que é isso? Ou os médicos do trabalho não foram às empresas dizer: escuta, não é possível trabalhar nessa condição porque isso vai adoecer o nosso trabalhador. 

Quando a Sra. começou a trabalhar com poluição da água do mar? 
No meu trabalho de conclusão de curso, eu já comecei a estudar isso, trabalhando com a água da baía sul de Florianópolis. Foi um trabalho bem elementar sobre características físico-químicas da água: salinidade, nutrientes, temperatura, Phd, nada biológico. Então, depois comecei a trabalhar com poluentes, metais e organoclorados, pesticidas, PCBs, que são componentes que se usava muito nos transformadores de energia. (.) Essa parte das baías é uma questão que sempre interessa, mas é um universo muito grande, muito complexo. Agora, vamos começar um trabalho na Lagoa da Conceição, porque a coisa ali está ficando cada vez pior. 

As baías e a Lagoa sempre são citadas como ecossistemas em processo contínuo de degradação. Como está a situação? 
É complicado. Prá dizer isso, teria que ter um processo contínuo de avaliação desses ecossistemas. Contínuo significa durante todo o ano, por muitos anos seguidos e isso normalmente não acontece. Como não existe nenhuma política dos departamentos ou da própria Universidade, de fato, para desenvolvimento de pesquisas ambientais. Veja bem, nós trabalhamos em ambiente abertos, não é como se trancar num laboratório e dizer: agora, eu vou fazer uma investigação sobre isso, vou lá, controlo as condições do experimento e realizo. Para que eu possa observar isso na natureza, eu tenho que cobrir todas as possíveis variações que ocorrem e isso implica em ter uma estratégia. Nem aqui, localmente, nem nos departamentos, centros, na própria universidade, nem nacionalmente, essas estratégias são seguidas. É só eventualmente: agora vamos dinheiro aqui, agora vamos jogar dinheiro ali. de uma maneira burra e ineficiente que provoca, na realidade, um profundo desgaste em todas as pessoas que trabalham nisso. Você sofre permanentemente a pressão de ter que fazer, mas não tem recurso, e depois, a frustração e o desânimo de não poder fazer ou não poder continuar fazendo. Acho isso uma coisa desrespeitosa. Não é uma coisa particular, se trata de um modelo de país que a gente vive, não é só para isso, é para tudo. Basta ver essa questão da energia. Nós temos que nos arranjar. Vamos sofrendo crises pequenas e tentando superá-las para não viver uma grande crise. Enfim, a mesma coisa que acontece no macro acontece na pesquisa, desde a pesquisa de base, que é pouca realizada. A pesquisa aplicada, talvez, tenha mais investimento porque, na realidade, ela é para respostas mais imediatas. (.) Ter bons pesquisadores em uma determinada área é correto, mas nós somos também um país com várias necessidades. Então, também é correto priorizar essas necessidades.  

O que dá para dizer em relação às baías ou à Lagoa? 
A Lagoa, eu nunca estudei do ponto de vista físico-químico. O que eu sei é o que eu observo com olhos de quem tem idéia do que está acontecendo. Eu passei a morar lá e observei, na última primavera, uma quantidade imensa de algas na Lagoa. Na realidade, só observei, de fato, porque começou a cheirar mal. As pessoas pensam que é o esgoto, mas o que cheira mal é o que o esgoto já provocou, uma superpopulação algal. Essas algas nascem, crescem e morrem. Quando morrem, começa a cheirar mal. 

São os dejetos do esgoto doméstico que vão alimentar esse processo de superprodução de algas? 
Você tem razão. Quando se coloca o esgoto, seja cloacal, seja de água de torneira, água de máquina de lavar roupa com detergente, etc, você produz alimento para produção fitoplantônica, principalmente. Essas plantas vão crescendo, não dá tempo sequer para formar um processo completo de nascimento, crescimento e morte porque outras tantas já estão nascendo. Você começa a causar uma superação da capacidade de digestão de todo o material que é jogado na água. Mas não é só o que é jogado, aquele ambiente tem que comer também toda aquela alga, porque ela também é orgânica. Como a atividade microbiológica é muito intensa e a produção algal continua acontecendo, você tem produção de oxigênio durante o dia e durante a noite. Durante o dia, os microorganismos estão trabalhando e as plantas estão produzindo oxigênio, mas durante a noite os dois - microorganismos e plantas - consumindo oxigênio. Então, chega num ponto que toda a parte microbiológica, que é responsável pela decomposição de toda essa matéria orgânica, seja esgoto, seja alga, passa a ser substituída por organismos que não precisam mais de oxigênio. Ao invés de colocar dióxido de carbono (CO2) na natureza, você começa a colocar metano (CH4), resultante da matéria em decomposição sem oxigênio. Em lugar dos nitratos, aparece a amônia, o gás sulfídrico.Há o esgotamento completo do oxigênio no ambiente. Você muda completamente o tipo de vida que existia ali. Tudo que precisa de oxigênio, morre. Morrem primeiros os organismos mais sensíveis e começa a existir uma dominância de alguns espécies sobre outras. Tanto é que existem espécies chamadas "cosmopolitas", aparecem em qualquer parte do mundo que esteja poluída, tanto alga como animais. Vão estar lá o bagre, alguns tipos de atomácias. 

Isso também está acontecendo na Lagoa. 
Ocorre em quase todas as áreas urbanas do mundo. Acontece aqui nas baías, acontece na Lagoa. Na Lagoa é pior porque é um universo mais comprometido, ele é menor, tem menos troca de água com o mar, tem apenas um único canal, é um ambiente extremamente raso. Por um lado, isso é bom, por outro, é ruim. A coluna d'água, sendo baixa, o vento bate e ajuda a oxigenar a água. Ali também tem um problema que pode se tornar grave, por ser um ambiente raso e com conteúdo muito grande de matéria orgânica: a atividade naútica com combustível, óleo, gasolina. Quando a maré está vazante, você olha no canal da Barra e vê a película de óleo cobrindo a água, e como é diferente quando a maré sobe, a água vem limpa da Lagoa para o mar. Isso é um problema grave porque a tendência é que os hidrocarbonetos mais pesados, que compõem os combustíveis, vão se depositar no fundo, vão começar a fazer parte do sedimento que é consumido por uma série de elementos que são tirados dali. A tainha mesmo é um animal que come de tudo e é um dos pratos mais adorados daqui. Ou o siri, o camarão que se pega ali. Existe poluição, sim. O grau é que não é conhecido. O desequilíbrio é visível a olho nu. Uma lagoa como aquela não pode cheirar mal. Se ela cheira mal é porque tem alguma coisa errada. Depois, ela está ficando cada vez mais rasa por causa da destruição no entorno. Não estou falando só das encostas, mas das construções na beira. Agora, inclusive, tem o projeto de construção de uma avenida. Tem uma zona de mata ciliar que, acho, é de uma construtora, a Pioneira da Costa. Aquela é uma área de proteção muito importante para que não haja açoreamento na área que já é mais rasa e não tem troca com o ambiente da parte norte da Lagoa. A prefeitura entende de abrir aquela parte da ponte. Realmente, é uma medida importante porque a troca de água vai ser maior. Se o objetivo é ampliar para promover essa troca, tudo bem, mas se o objetivo é aumentar a rua para poder ter maior circulação de carro. errado! Outra coisa: o planejamento de uma cidade que tem um limite para crescer e uma administração que quer fazer obra e não planeja porque está construindo uma cidade para carros. Daqui a pouco, as pessoas vão estacionar aqui em Florianópolis e morar no continente. A prefeitura, por exemplo, poderia propor aterrar a Lagoa porque poderia colocar tudo para lotear. 

E as baías? Se parar de poluir, o ecossistema pode se recuperar naturalmente ao longo do tempo? 
Se parar de poluir, o ambiente pode se recuperar e reestabelecer num outro equilíbrio, talvez não no equilíbrio original dele. Em ambientes não tão comprometidos, pode tranqüilamente. No caso, em particular, da baía Sul, nós temos uma obra gigantesca ali, a construção da Beira Mar Sul. Aliás, nós temos dois eventos importantes ali. Um é a construção da estação de tratamento de esgoto, outro é a construção da Beira Mar Sul. A Beira Mar Sul muda completamente a hidrodinâmica daquele setor da baía de Florianópolis e modifica o substrato. Quer dizer, mudou a vida do fundo da baía. Mudou a hidrodinâmica porque alterou morfologicamente a baía. Numa ocasião, eu disse aos moradores da região: ah, vocês estão contentes poque vão construir a Beira Mar Sul, mas aquele povo perto do mangue do Rio Tavares vai começar a sofrer enchentes freqüentes porque a quantidade de água que entra pelo canal é a mesma, mas a expansão dela não é mais a mesma. Então, o que acontece? Ela tem que sair por algum lugar e para onde ela vai? Basta você ver, nos períodos de lua cheia, nas preamares, a água invade todo o canto do Rio Tavares e o Campeche. Fica tudo embaixo de água. Porque a maré sobe e vem pelos bueiros, por onde puder, a água tem que ir para algum lugar. Não sei que dimensão isso pode assumir. Os pescadores da região, na época da construção, fizeram uma manifestação, fecharam a rua, justamente porque a atividade de pesca ia ficar comprometida. Também nada foi escutado. Então, ali tem um comprometimento dessa ordem que modifica o substrato e a hidrodinâmica. Pode ser que o ecossistema assuma um novo equilíbrio. Pode ser que não resulte em nada se, por exemplo, não implicar em mais esgoto. Se isso não acontecer, pode ser que o ambiente não fique mais comprometido do que já está, e isso significa comprometê-lo biologicamente. O segundo aspecto é a estação de tratamento de esgoto. Eu participei, na época da discussão sobre esse assunto e alertava, na ocasião, aos engenheiros da Casan que, ali, existe um problema bastante sério que é a delimitação do espaço mais adequado para construir uma estação com aquelas dimensões. Porque os territórios mais adequados não estão próximos de uma descarga para o mar ou coisa do tipo. Os ambientes próximos do mar são zonas de preservação, como o mangue, ou já estão construídos. Então, eles fizeram um estudo e implantaram ali, no aterro. Um estudo que, quero dizer de antemão, não é sério. Não foi feito sequer um ano de estudo sobre aquela área, não se conhecia sequer o regime de correntes. A Marinha tinha cartas de profundidade batimétrica muito antigas, não tinha sequer um bareógrafo instalado para ver a altura da maré. Enfim. Uma empresa contratada, não sei de onde, veio e fez algumas amostragens, etc. Eu estou dizendo que fez isso porque quando eu quis ver o estudo anual e diário disso para modelar aquilo ali, não mostraram. Então, não fizeram. Se me mostrarem, eu vou dizer que me enganei, mas se não mostrarem, eu digo: não fizeram. Veja, uma estação que vai descarregar uma quantidade imensa de esgoto. Se o sistema for eficiente. porque o problema de uma estação de tratamento é a eficiência. Bom, então, não tinham os dados, mas perguntei: tem um emissário submarino? Na época, tinha, mas depois eles chegaram à conclusão que não precisava por causa das correntes. 

O que é um emissário submarino? 
É uma tubulação que sai do último estágio de tratamento e joga a água a uma profundidade e distância determinadas para que possa ocorrer a mistura daquilo que se joga no mar com a coluna d'água. Porque, normalmente, o que você joga lá é água mais doce, vai contrastar com a água mais salgada, ela tende a subir, ou seja, tem que gerar uma turbulência também na área para que possa haver uma homogeinização completa da água descarregada e, portanto, o ambiente adquira um equilíbrio. Na última vez que fiz uma visita lá, me disseram que não precisava de emissário submarino. mas ali tem uma corrente de superfície que não ultrapassa, tem um aterro feito recentemente onde o fluxo e o refluxo da água modificaram! De repente, então, vai ter horário para descarregar a água tratada. Quando? Quando está vazando a maré? Só que nós não temos canal suficiente para levar isso para fora, vai ficar distribuído na própria baía! Enfim, tudo isso que eu não estudei, mas penso que deveria ser mostrado que não aconteceria, não tem. 

Como era antes da estação de tratamento? 
O esgoto era lançado in natura na baía por vários pontos. Aqui e ali. Agora, você vai concentrar tudo num único lugar. Antes, quando você fazia a descarga in natura, distribuía. Então, a minha preocupação é essa: se o sistema é eficiente. Se não abate suficientemente substâncias nutrientes, eu crio um ambiente muito mais preocupante do que se continuasse jogando cocô na baía. Então, a preocupação é essa: que a eficiência do trabalho seja suficiente para abater as substâncias nitrogenadas e fosforadas naquele ecossistema. Para fazer isso, você tem que conhecer o ecossistema, tem que saber quanto naturalmente ele produz e recicla. Esses estudos tem que ser feitos permanentemente. Se a Casan tivesse feito esses estudos nesses cinco ou seis anos que se passaram, hoje poderia ter um modelo matemático calibrado com dados reais de anos de estudo. Você poderia dizer se a estação falhar um dia, apagar a luz, o sistema parar e tiver que descarregar, o que vai acontecer com a temperatura da água, com a parte fitoplantônica, etc. Isso implicaria em grandes investimentos. Isso é a qualidade de vida desta cidade! Não se pode falar de qualidade de vida porque as pessoas ainda não são mortas nas sinaleiras com um tiro na cabeça. Isso não é critério. Mas se esse é o critério, então serve o tipo de política e estratégia que estão sendo criadas para o meio ambiente de Florianópolis. 

Essas chuvaradas que inundam a cidade. isso é problema de permeabilização do solo? 
É, tem uma superimpermeabilização por causa tanto da área construída quanto da utilização de materiais inadequados. Em determinadas zonas, não poderia ter asfalto porque cria uma película que não permite a infiltração da água. Talvez a lajota seja mais adequada. Lógico, tem que ter manutenção, mas não pode fazer o que, normalmente, se faz aqui. É uma coisa impressionante. Parece que as pessoas não se conversam. A prefeitura vai lá e asfalta. No dia seguinte, a Casan quebra tudo para fazer rede de esgoto. 

Para construir o Elevado do CIC, recentemente, eles tiveram que entrar numa parte de mangue, fazer aterro, contenção. 
Ali é zona de aterro, como lá na baía Sul. Eu dava aulas na Engenharia e levava meus alunos lá no aterro. A primeira coisa que vi foi o recalce, o rebaixamento do terreno. A terra cedeu e o tanque de tratamento já estava com rachaduras. Como que é que alguém constrói uma estrutura daquele tamanho em cima de um aterro? Isso pode acontecer no Elevado porque você tem que ter estrutura para fazer a sustentação. Ou, então, tem que ser um estrutura para terremoto, aquela que vai se moldando ao movimento. Ali, no elevado, se perdeu zona de mangue. O mangue cumpre um papel de fornecedor de nutrientes e, por outro lado, ele é um grande concentrador de poluentes pela própria composição: muita argila, muita matéria orgânica. Ele tem uma capacidade de agregação de poluentes bastante grande. Ele já está comprometido no Itacorubi por conta do lixo, dos esgotos da universidade. Outra coisa: a construção daquela marina, pela Portobello, lá no canal da Barra da Lagoa. Seria seguramente uma modificação profunda daquele ambiente. Não tenho a menor dúvida porque para construir uma marina ali você precisa desviar cursos d'água, formar uma área de estagnação para fazer os nichos dos barcos. Assim, você vai mudar também a hidrodinâmica, o substrato, a temperatura da água, vai aumentar a carga de óleos, de tinta de barco que só tem porcaria dentro, vai causar um desastre do ponto de vista biológico. Quer dizer, não dá para fazer desse jeito aí. 

Qual é a importância do mar na oxigenação do planeta? Atualmente, se fala que os oceanos são os maiores responsáveis pelo processo de fotossíntese. 
Não é a questão da fotossíntese. São as trocas gasosas. Claro que há um equilíbrio do mar para manter as características tamponantes do próprio mar e tem o equilíbrio de alguns gases dissolvidos na água. Esse equilíbrio se dá com a interface água do mar e atmosfera. Então, o mar é responsável por muito da absorção de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e muita liberação por conta da atividade fitoplantônica que ocorre na superfície. Essas são as trocas gasosas. Se você pensar que a superfície do mar é muito maior do que a superfície da terra. se o mar é três vezes maior do que a terra, teoricamente, ele daria três vezes mais oxigênio. Como ele consome bastante oxigênio por causa dessa troca, ele retém o CO2 na água, ele tem uma contribuição maior na manutenção do equilíbrio da atmosfera.

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